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domingo, 14 de outubro de 2007

Sargento Rock e Companhia Moleza dando uma de "Tropa de Elite"

Ao contrário do que pode-se pensar, o título entre "aspas" não tem nada a ver com o filme brasileiro "Tropa de Elite.

Na realidade o fato aconteceu semana passada nos Estados Unidos. Quando vizinhos de Billy Tucci (mais conhecido no Brasil por criar a guerreira Shi) assustaram-se ao olharem por suas janelas e verem no jardim do escritos e desenhista um pelotão de soldados do exército norte-americano posando em poses de batalha, como se o jardim fosse um campo de treinamento. O detalhe mais intrigante ainda eram os uniformes, pois os mesmos datavam de Segunda Guerra Mundial.

Sgt. Rock and the Lost BattalionMas então veio a explicação, os soldados, nada mais eram do que amigos do artista produzindo referências fotográficas para Tucci desenhar cenas da minissérie Sgt. Rock and the Lost Battalion.

A minissérie em seis edições, que trará de volta o Sargento Rock e a Companhia Moleza, criados no final dos anos 1950, será lançada pela DC Comics.

Co-escrita pelo roteirista e diretor de cinema John Milius (de seu currículo consta, entre outros sucessos, o roteiro do premiado Apocalypse Now, ao lado de Francis Ford Coppola e a direção do primeiro filme de Conan o Bárbaro), a HQ chegará às comic shops dos Estados unidos em 2008.

"Sgt. Rock and the Lost Battalion""Sgt. Rock and the Lost Battalion"

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Liga da Justiça ou Os Justiceiros?

Em 1967, ou seja, sete anos após sua estréia nos Estados Unidos, a equipe mais famosa do Universo DC foi lançada em título próprio no Brasil

Os Justiceiros #1 A Panini Comics anunciou que lançará, no segundo semestre de 2007, a edição Arquivo DC - Liga da Justiça da América, com as primeiras histórias do famoso grupo.

As aventuras são dos anos 60, e foram publicadas originalmente nas revistas norte-americanas The Brave and the Bold (a edição 28 trouxe a primeira aparição da Liga, enfrentando Starro, o Conquistador) e Justice League of America.

Influenciado pela National Football League, o criador Gardner Fox utilizou a palavra "Liga" para denominar seu novo grupo de heróis. O desenhista Mike Sekowsky foi responsável pelo visual. A equipe original era formada por Super-Homem, Batman, Mulher-Maravilha, Aquaman, Ajax, o Marciano (atualmente chamado, corretamente, de Caçador de Marte), Flash e Lanterna Verde.

Em 1967, a Liga da Justiça ganhou seu primeiro título próprio por aqui: a revista Os Justiceiros, da Ebal, que teve 28 números publicados, entre setembro de 1967 e dezembro de 1969, além de uma edição especial em cores.

Os Justiceiros #3Para mostrar como a DC gosta de "Crises", o primeiro número apresentou a aventura Crise na Terra-Um.

Nesta edição, os heróis da Liga e da Sociedade da Justiça, de Terras diferentes enfrentam vilões em comum, que trocam de dimensões para enganar os mocinhos. São eles Crono, o Alquimista, Felix Fausto (Terra-1) e Pingente, Violinista e o Bruxo (Terra-2).

Na segunda edição, um confronto com Despero, com um visual bem diferente do atual. O vilão também dá as caras no número 15, na verdade sua primeira aparição, publicada originalmente no titulo Justice League of América 1 (a Ebal lançou as aventuras fora de cronologia - veja no final da matéria).

Outra curiosidade é que na capa do número 3, é possível conferir que o leitor encontrará "o maior grupo de super-heróis já publicados em uma só revista", com 18 heróis listados. Curiosamente, só cinco membros da Liga participam da aventura desta revista. O restante dos heróis não apareceram na história.

Os Justiceiros #4Outra HQ interessante é a do número 10, na qual Zatanna (que tinha seu nome escrito com um "n" apenas) solicita ajuda dos heróis para localizar seu pai, o também mágico Zatara, que fará todo o possível para não ser encontrado. O curioso título da trama é Z de Zatana e Zero Hora.

A edição 12 trouxe a primeira história publicada nos Estados Unidos com a Liga, na qual os heróis enfrentam a ameaça alienígena Starro, uma espécie de estrela-do-mar que controla mentes, e só descobrem como derrotá-lo com a ajuda de Johnny Brasa, o jovem Snapper Carr, que se tornou uma espécie de "mascote" da equipe. O nome do personagem veio do fato de ele ficar constantemente estalando os dedos. As editoras brasileiras adoravam traduzir nomes, vide Pedro Prado como Peter Parker.
A origem do poderoso andróide Amazo é narrada na edição 13, em que a cria do Professor Ivo mostra todo o seu poder e quase vence os heróis. Derrotado, o vilão vira troféu no esconderijo da Liga.

A entrada do Arqueiro Verde na equipe, citada na aventura A Busca (Panini Comics, DC Especial 1, 2004), teve sua história publicada no número 18 desta série. O herói é escolhido para ser o novo membro da Liga da Justiça, mas é seqüestrado e, no final, salva os companheiros com uma de suas "mitológicas" flechas especiais, a flecha-diamante.

Os Justiceiros No número 23, a origem da Liga, na qual a equipe conta para Johnny Brasa que os sete heróis (Super-Homem, Batman, Mulher-Maravilha, Lanterna Verde, Flash, Aquaman e Ajax, o Marciano) se encontraram pela primeira vez ao enfrentar sete alienígenas que usariam a Terra como campo de batalha, para decidir qual seria o próximo Imperador de seu planeta.

Nas demais edições, a quase totalidade das tramas versava sobre alienígenas que ora seqüestravam os heróis, ora tentavam conquistar a Terra. Alguns cientistas malucos, feiticeiros, bruxos e um ou outro vilão, como o Doutor Luz e Félix Fausto, também marcaram presença.

Os Justiceiros Uma diversão à parte são as traduções feitas na época. Mulher-Maravilha, por exemplo, era Miss América. E o melhor foi reservado para os vilões, que tanto queriam derrotar os famosos heróis: Starro, o Conquistador, chamava-se Estelo, o Conquistador. O andróide Amazo, criação do Professor Ivo, era conhecido como Pasmo. A Liga corria risco de morrer de rir, isso sim.

E, por falar em diversão, com o devido desconto, já que os tempos eram outros, momentos marcantes faziam parte da rotina da equipe, como esse carinhoso abraço entre o Lanterna Verde, Zatanna e Batman (sempre ele!), ou esse "fora" do Homem-Morcego, preocupadíssimo com a pessoa com que ele teve contato recentemente, como mostrado na imagem acima.

Os Justiceiros em Cores Outra curiosidade são as cores das capas das edições. O Lanterna Verde Hal Jordan frequentemente aparecia loiro; Ajax surgia como um homem careca, de pele branca, uniforme azul e capa vermelha (um cover do Super-Homem) e o uniforme de Aquaman tinha tonalidades que variavam, verde, laranja ou amarelo. Realmente psicodélico.

As revistas, sempre com 32 páginas, apresentavam, além de uma história da Liga, outras aventuras curtas, a maioria com o personagem Ted Múltiple, e algumas HQs cômicas de uma página.

Além disso, vários números apresentavam, na contracapa, a seção Notícias em Quadrinhos, com artigos curtos sobre criadores famosos, cartas, dúvidas dos leitores, visitas a redação da Ebal, lançamentos da editora e até algumas novidades ao redor do mundo.

Uma ultima curiosidade: a edição Os Justiceiros em Cores 1 apresenta a trama Divididos são Derrotados, com roteiro de Denny O'Neil e desenhos de Sid Greene, na qual os heróis enfrentam uma pequena e ridícula brigada de militares que quer dominar os Estados Unidos, utilizando uma arma que afeta a moral das pessoas. Infame mesmo...

Os Justiceiros #13Abaixo a maioria das histórias da Liga da Justiça publicada pela Ebal, e as respectivas edições originais (como se pode notar, a cronologia não era um dos pontos fortes):

Justiceiros # 1 - Crise na Terra Um (JLA # 21)

Justiceiros # 2 - Quatro Mundos a Conquistar (JLA # 26)

Justiceiros # 3 - Os Bandidos do Infinito (JLA # 25)

Justiceiros # 4 - O Caso dos Super-Poderes Proibidos (JLA # 28)

Justiceiros # 5 - Metamorfo Diz... Não (JLA # 42)

Justiceiros # 6 - A Praga que Atingiu a Liga da Justiça (JLA # 44)

Justiceiros # 7 - O Mistério de X - O Homem do Espaço (JLA # 20)

Justiceiros # 8 - A Ameaça do Verdadeiro ou Falso Bruxo (JLA # 49)

Os Justiceiros #18Justiceiros # 9 - O Senhor do Tempo ataca o Século XX (JLA # 50)

Justiceiros # 10 - Z de Zatana e Zero Hora (JLA # 51)

Justiceiros # 11 - Criaturas Indestrutíveis da Ilha dos Pesadelos (JLA # 40)

Justiceiros # 12 - Estelo, o Conquistador (The Brave and the Bold # 28)

Justiceiros # 13 - O Caso do Roubo dos Superpoderes (The Brave and the Bold # 30)

Justiceiros # 14 - O Desafio do Mestre das Armas (The Brave and the Bold # 29)

Justiceiros # 15 - Viagem sem Retorno (JLA # 1)

Justiceiros # 16 - O Segredo dos Feiticeiros Sinistros (JLA # 2)

Os Justiceiros #15Justiceiros # 17 - A Nau Escrava do Espaço (JLA # 3)

Justiceiros # 18 - A Destruição do Diamante Estrela (JLA # 4)

Justiceiros # 19 - A Gravidade Descontrolada (JLA # 5)

Justiceiros # 20 - A Roda do Infortúnio (JLA # 6)

Justiceiros # 21 - O Parque de Diversões Cósmico (JLA # 7)

Justiceiros # 22 - Vende-se a Liga da Justiça (JLA # 8)

Justiceiros # 23 - A Origem da Liga da Justiça (JLA # 9)

Justiceiros # 24 - Os Dedos Fantásticos de Felix Faust (JLA # 10)

Justiceiros # 25 - A Hora Final (JLA # 11)

Os Justiceiros #23Justiceiros # 26 - O Último Caso da Liga da Justiça (JLA # 12)

Justiceiros # 27 - O Mistério dos Robôs da Liga da Justiça (JLA # 13)

Justiceiros # 28 - A Ameaça da Bomba Elektron (JLA # 14)

Os Justiceiros em Cores # 1 - Divididos são Derrotados (JLA # 66)

Almanaque Quadrinhos 1969 - Cinco Justiceiros fora de Ação (JLA # 52)

Batman e Superman em Cores # 5 - O Criador do Caos (JLA # 68)

Superboy-Bi # 19 - Crise na Terra-Dois (JLA # 22)

Superboy-Bi # 40 - Os Zangões da Rainha-Abelha (JLA # 23)

Superboy-Bi # 41 - Crise em Terra-3 (JLA # 29) e A Terra mais Perigosa de Todas (JLA # 30)

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Fan Filme de Civil War

Um amigo (Sid) me mandou este arquivo que ele fez como um estudo sobre a criação de ambientes 3d utilizando arquivos 2d, além de ser um meio de amarrar duas de suas (e minhas tb) paixões: quadrinhos e animação. O resultado ficou muito bom.

"Fan Film (http://pt.wikipedia.org/wiki/Fan_film) - Fan films são produções amadoras relacionadas a uma obra existente (não necessariamente outro filme), criado por fãs. Um exemplo são os vídeos sobre Star Wars, com diversos projetos finalizados e em andamento. Um fan film pode ser considerado como uma mídia que estar ganhando mais espaço com a internet e um forma de artistas se expressar e criar flmes pelo fato de gostarem e não de fins inteiramente lucrativos.
Em geral um fan film não recebe autorização dos produtores, mas em casos notáveis pode ser reconhecido. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.)

Civil War (http://pt.wikipedia.org/wiki/Civil_war_%28historia_em_quadrinhos%29) - História da Marvel onde o governo americano, após um incidente envolvendo jovens heróis ( Novos Guerreiros) que acaba por destruir uma escola, matando várias crianças, decide criar um registro de heróis, lançando uma "caça às bruxas" contra os heróis que não aderirem ao registro. Com isso os heróis se dividem em 2 grupos rivais: o grupo que apoia o registro, liderado pelo Homem de Ferro, e o grupo que discorda do registro, liderado pelo Capitão América.
A Saga se destaca por trazer velhos personagens de volta a continuidade da editora. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.)

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Robô Gigante

Em homenagem a uma das melhores séries japonesas que já vi.

A música tema era muito boa mesmo.

Robô Gigante


Criação de Mitsuteru Yokoyama completa 40 anos

Qual seria o nome mais óbvio para se chamar um robô grande como um edifício? Robô Gigante, claro! Mas há 40 anos, tudo era novidade e esse foi o nome do herói de um dos seriados mais interessantes de seu tempo. Gigantescos robôs guerreiros já haviam aparecido em mangás na década de 1940, em plena Segunda Guerra Mundial. Mas a cara de esfinge idealizada pelo desenhista Mitsuteru Yokoyama logo chamou a atenção do público quando ele apareceu pela primeira vez em mangá, em abril de 1967. Adaptado para a TV pela Toei Company poucos meses depois, seu seriado trazia todo o charme e ingenuidade dos filmes de ficção científica desse período.

A trama


No início da aventura, um ser espacial vem com sua nave à Terra e decide conquistá-la usando sua avançada tecnologia para criar monstros e máquinas de guerra. O invasor em questão é o monstro que se auto-intitula Imperador Guilhotina, líder do Bando BF (Big Fire), um exército de soldados e cientistas sempre prontos para cumprir seus planos de dominação mundial. Contra eles, a organização paramilitar Unicorn tem agentes especiais sempre prontos para o combate.
Numa noite tranqüila, o monstro marinho Dacolar surge e afunda um navio de passageiros japoneses, iniciando os ataques do Bando BF. Os únicos sobreviventes são o garoto Daisako Kusama (que viajava sozinho) e um homem chamado Jyuro Minami, o agente secreto U3, da Unicorn. Chegando em uma ilha misteriosa que servia de base para o BF, eles são capturados e levados a um hangar subterrâneo. Lá, encontram o enorme robô de combate que estava sendo finalizado. O cientista que estava sendo forçado a construir o chamado Robô Gigante, mostra a Daisako e Minami o relógio-comunicador que seria usado para comandar sua criação. De brincadeira, Daisako fala perto do microfone, e sua voz acaba sendo registrada na memória do Robô. Mas o velho cientista tinha planos de destruir o gigante de metal para que não fosse usado contra a humanidade e se rebela contra seus captores. Ele acaba morto, mas antes consegue ativar uma bomba que havia preparado.

Minami e Daisako escapam por pouco e, de longe, vêem a base voar pelos ares. Mas, para a surpresa de todos, o Robô Gigante resistiu e a explosão fez com que seus circuitos fossem ativados. Uma vez operacional, Daisako descobre que podia controlar o Robô. Tendo sido a primeira voz identificada pelo gigante, o garoto passa a ser seu mestre.



Recrutado para a Unicorn pelo Chefe Azuma, Daisako recebe o codinome U7, passando a agir secretamente para combater o Bando BF. Entre os destaques da equipe, havia ainda outra criança, a pequena Mari Hanamura, dotada de extrema inteligência.

Arma suprema da Unicorn, o Robô Gigante era capaz de voar e desferir uma variedade de ataques, como raios laser (emitidos dos olhos), lança-chamas (da boca), mísseis (da ponta dos dedos) e seu mais famoso golpe, o Soco de 1 Megaton, que levava qualquer inimigo a nocaute. Enfrentando monstros, outros robôs e gigantescas máquinas de guerra, o Robô Gigante trava batalhas difíceis, sempre vencendo graças ao seu vasto arsenal.

No final da série, o Imperador Guilhotina se torna um gigante e ameaça explodir seu corpo com força suficiente para destruir a Terra. Restou ao robô levar a ameaça para longe e, contrariando ordens de Daisako e mostrando vontade própria, explodir no espaço junto com o vilão. Foi um final bastante dramático e até incomum nesse gênero de seriado, quebrando clichês e deixando muitos fãs chocados.

Aterrisando no Ocidente


Nos EUA, a série foi rebatizada como Johnny Sokko and His Flying Robot. Esse era o título que aparecia na abertura da versão exibida no Brasil. Além da mudança de Daisako para Johnny, o herói Minami fora rebatizado de Jerry e o Bando BF virou a Gargoyle Gang, entre outras alterações. Ignorando tudo isso, a adaptação brasileira seguiu o texto original e manteve os nomes japoneses quando a série foi exibida nos anos 70 na extinta TV Tupi e posteriormente na TV Record.

Uma grande picaretagem cometida na versão exibida nos EUA foi que a empresa American International Television inventou novos créditos, dando a entender que o Robô Gigante era uma produção estadunidense. Tal prática de se chamar tradutor de “roteirista”, responsável pela adaptação de “diretor” e o dono da distribuidora de “produtor” se perpetrou em muitas séries japonesas traduzidas para o público dos EUA e depois redistribuídas para o resto do mundo.
Em 1970, quatro episódios (incluindo o primeiro e o último) foram editados na forma de um longa-metragem para a TV nos EUA, intitulado Voyage into space. O curioso é que a saga toda se passa na Terra (e não no espaço sideral), fato que passou desapercebido pela distribuidora na hora da criação do título.

Série cultuada entre fãs nostálgicos, sua fama atravessou décadas e, em 1992, ganhou uma renomada minissérie em animê diretamente para o mercado de vídeo. Em fevereiro deste ano, uma nova série de TV em animação foi lançada no Japão. Outras animações já foram anunciadas, renovando o fôlego do velho robô para continuar conquistando novas gerações de fãs.

Curiosidades sobre a série

O título original, Giant Robo (e não “Robot”) é apenas um dos muitos exemplos de inglês errado que aparecem na mídia japonesa. Grafado assim, pode-se dizer que é um nome próprio derivado de “robot”, e não a palavra propriamente dita, por mais estranho que possa parecer.

O ator-mirim Mitsunobu Kaneko havia se destacado antes na série Akuma-kun (“O Pequeno Demônio”), produzido pelo mesmo estúdio Toei Company. Ele nunca mais teve um trabalho de repercussão e logo saiu da área artística. Faleceu em 1997, aos 41 anos.

O robô grandalhão apareceu em abril de 1967 na revista semanal japonesa Shonen Sunday, da editora Shogakukan. Voltada ao público adolescente masculino, a revista apresentou vários personagens que seriam conhecidos no Brasil, como Ranma ½, Patlabor, Mai – A garota sensitiva, Inu-Yasha e Kamen Rider Black.

O autor do mangá, Mitsuteru Yokoyama, nasceu em junho de 1934 e morreu em abril de 2004, vítima de um incêndio acidental em sua residência.

Os agentes da Unicorn se saudavam com um gesto de levantar a mão direita e raspar a ponta do polegar com os dedos indicador e médio. O gesto era acompanhado de um forte som (“fuip”), que entrava como efeito sonoro. Muitos garotos certamente tentaram imitar a saudação, sem sucesso...

Apesar dos avançados jatos individuais que usavam nas costas para voar e de seus comunicadores em forma de caneta, os agentes da Unicorn usavam armas contemporâneas, como pistolas automáticas e metralhadoras.

Criada numa época anterior ao termo “politicamente correto”, a série mostrava as crianças Daisako e Marie manejando armas de fogo realistas e liquidando os capangas do Bando BF com naturalidade. Tal coisa seria impensável nos dias de hoje, ainda mais em se tratando de uma série para exportação.

Ficha técnica
Título original: Giant Robo
Estréia no Japão: 11/10/1967 (Net - atual TV Asahi)
Número de episódios: 26
Criação: Mitsuteru Yokoyama
Roteiro: Masaru Igami, Hisashi Abe e outros
Trilha sonora: Takeo Yamashita
Direção: Hiroichi Takemoto e outros
Produção: Toei Company
Emissoras no Brasil: TV Tupi e TV Record
Elenco:Mitsunobu Kaneko: Daisaku Kusama/ U7 Akio Itoh: Jyuro Minami/ U3 Yumiko Katayama: Mitsuko Nishino/ U5 Tomomi Kuwabara: Mari Hanamura/ U6 Shozaburou Date: Chefe Azuma/ U1 Matasaburo Tanba: Aranha Toshiyuki Shiyama: Imperador Guilhotina

Fonte: Omelete

domingo, 22 de abril de 2007

Como fazer um super-herói brasileiro?

Matéria muito interessante sobre este tema tão complicado.

Vale a pena dar uma lida.

Por André Diniz

Super-Homem, arte de Alex RossQuem leu minhas colunas anteriores (e não as esqueceu logo em seguida) sabe que nunca vi muito sentido na insistência em se criar super-heróis brasileiros. Além da questão prática - há tantos na praça, será que os leitores estão atrás de mais um? -, há ainda aquelas que sempre estão presentes quando este tema é discutido - não seria por si só algo típico da cultura americana a crença em um herói poderoso e íntegro que defende a liberdade e a segurança com o uso de sua força?

Uma coisa, porém, é discordar, e outra é jogar pedras. Discordo, mas torço de coração pelo sucesso de toda iniciativa encarada com empenho, sejam super-heróis brasileiros, sejam "mangás nacionais" ou o que for, até porque a única unanimidade aceitável é a defesa da pluralidade de opiniões e idéias.

O GralhaSendo assim, vamos então encarar a questão: o que seria um super-herói brasileiro? Melhor: como fazer o leitor acreditar em um super-herói brasileiro?

Então, a partir de agora, farei aqui o papel do meu próprio advogado do diabo, defendendo um ponto de vista de quem realmente acredita ser isso possível. E começo fazendo uma comparação pertinente. Se a pergunta fosse "Como fazer o leitor acreditar em um cowboy italiano?", aí, sim, teríamos uma resposta na ponta da língua. É só ver Tex.

Hmm... A resposta é precisa, a pergunta é que deve ser revista. Afinal, o personagem Tex é um americano, que nasceu e viveu nos Estados Unidos, não podendo ser desta forma um cowboy italiano.

Tex e amigosEntão, a questão conveniente seria "Como fazer o leitor acreditar e respeitar um tema tipicamente americano quando usado por italianos?" Aí, sim, a resposta é Tex. Os personagens têm nomes em inglês, as paisagens são americanas e as referências históricas também são todas da terra do Tio Sam.

Entretanto, ninguém esquece nem por um instante que aquela revista em suas mãos é um trabalho genuinamente italiano.

Como conseguem isso? Simples. O tema é americano, mas o estilo é italiano. O ritmo, o traço, o enquadramento, a quantidade de páginas, os diálogos, em nenhum momento vê-se uma referência direta aos comics. Há ali o estilo inconfundível dos quadrinhos Bonelli, e a única ponte que se faz durante a leitura é com outras séries da mesma editora (Martin Mystère, Dylan Dog, Zagor, Mister No - curiosamente, nenhum deles é italiano ou vive na Itália).

Bandeirante Fantasma e Volpi Mascardo, da Liga tupiniquim, de Antônio ÉderEntão, vamos mudar por hora a pergunta clássica "Como seria um super-herói brasileiro?" para esta questão: "Como fazer o leitor acreditar e respeitar um tema tipicamente americano (os super-heróis) quando usado por brasileiros?" Ao ampliarmos esta questão, fica mais fácil fugir das soluções simplistas, como dar um nome em português, fazer referências a índios e colocar o herói morando em Pindamonhangaba ou Quixeramobim.

O grande problema, no meu entender, é a prisão criativa que se tornaram os estilos e clichês dos estúdios Marvel e DC Comics. Eles funcionam muito bem para as duas editoras, disso não há dúvidas. Tão bem que é impossível dissociar delas qualquer coisa que se aproxime desta linha.

Daí, o que se vê na esmagadora maioria dos casos de super-heróis nacionais é uma referência direta e explícita a estas fontes, no que elas têm de melhor e de pior. Com isso, fica muito difícil para o leitor diferenciar a história do Zé de Cubatão de uma americana. O artista desenha o Rio de Janeiro, com Cristo Redentor e tudo, mas não entende que na cabeça do leitor a cidade vista é Nova York ou Gotham City.

Vamos, então, para um extremo oposto. Alguém tem dúvidas de que a tira Overman é um autêntico quadrinho brasileiro, mesmo tratando de um super-herói? Claro que a tira de Laerte foi escolhida como exemplo mais como um exercício, pois sua proposta é diferente. O estilo é 100% humor, jamais aplicável em uma HQ de aventura. Mas não deixa de ser uma pista, e a facilidade em se aceitar que é genuinamente brasileira não é pelo gênero humor, mas pelo estilo próprio e pela abordagem singular do autor.

Overman, de Laerte
Será que há só um estilo de desenho apropriado ao gênero? Será que a diagramação das páginas, a colorização, as tramas e os pontos de partida destas HQs têm que ser os mesmos? A seguir, listo aquelas que são, para mim, as maiores armadilhas nas quais os autores de super-heróis nacionais costumam cair, que criam automaticamente um link direto na cabeça do leitor com os quadrinhos Marvel / DC. Será que toda história do gênero precisa ter esses ingredientes?

Antes de tudo, esqueça o How to Draw in Marvel Way

Quebra-Queixo, de Marcelo Campos...ou já vamos estar começando mal. Será que super-herói só pode ser desenhado num único estilo?

Luta do bem contra o mal

Por que todos os heróis o são por combater o crime? Será que não há outros tipos que, com outros objetivos, também tragam ação e aventura ao leitor? Por que não usar seus superpoderes para impedir tragédias e resgatar vítimas de incêndios, terremotos ou guerras? Pode até pintar um ou outro adversário no caminho para dar um tempero, mas o enfoque já seria outro, que não o clássico. Foi só um exemplo, mas acho que me fiz entender.

Uniforme e codinome

SuperpatetaPra quê? Sempre achei que um homem de terno e gravata ou camiseta com os poderes do Super-Homem seria algo muito mais interessante do que um cara todo fantasiado. Ver o José erguendo um caminhão me impressionaria muito mais do que ver o capitão sei-lá-das-quantas fazendo isso.

Contexto

Por que sempre as grandes metrópoles? Por que sempre os dias de hoje? Será que um super-herói no antigo Egito não poderia vir a ser interessante? (Ainda não está aqui em questão a caracterização do personagem como desenho, e sim a ruptura com o padrão americano).

Clichês

VingadoresSim, é muito difícil abandoná-los 100%, mas ao menos poderia haver uma variação deles. É impossível não lembrar das HQs Marvel / DC ao ler histórias com megacorporações, laboratórios de armas químicas, generais sádicos atrás da fonte dos superpoderes, seres metade homem, metade máquina, senadores inescrupulosos contra os heróis...

Estes, inclusive, são clichês que só fazem sentido aos americanos. Uma megacorporação brasileira atrás de seres com superpoderes para criar supersoldados não faz sentido algum, a não ser que a intenção seja doá-los ao exército, para que este abafe no próximo desfile de 7 de setembro.

Além destes, há os clichês que, por si só, seriam inofensivos, mas que já se tornaram uma espécie de marca registrada dos quadrinhos americanos. Um clássico é a telinha de televisão com o repórter dando as notícias do dia, para logo a seguir falar algo referente à trama. Fuja disso e identifique casos semelhantes por conta própria.

Formato

22 páginas com "continua" no fim? Será que precisa ser exatamente assim, igualzinho aos comics? E por que reproduzir tintim por tintim os mesmos vícios de narrativa dos estúdios americanos? Por que HQ de herói tem que ter poucos quadros por página mesmo em uma cena de diálogos? Por que não quebrar isso em vários, dando mais dramaticidade, em vez de colocar 18 balões num mesmo quadro, no qual os personagens aparecem estáticos?

BatmanA ficha do herói

Identidade secreta, origem, arquiinimigo, uniforme, codinome, lista de poderes... Todo super-herói precisa ter cada um desses elementos? Já vi quadrinhista anunciando seu herói como algo totalmente original, pelo simples fato de que não havia um personagem já criado com o mesmo poder que o dele. Hmm...

O simples e o complexo

Por que complicar? Pra que criar mil explicações e centenas de personagens numa história que objetiva apenas entreter e mostrar um pouco de ação? A síntese sempre funcionou muito bem nos quadrinhos, e não há porque criar 20 personagens quando a mesma trama pode ser contada com seis ou sete.

Além disso, criar um grupo é muito mais arriscado do que um herói único, pois eles terão que dividir o espaço e o "tempo" da história entre si. Conseqüentemente, o leitor terá muito menos contato com cada um deles, e os personagens terão bem menos oportunidade de mostrar suas qualidades, defeitos, manias, opiniões, enfim, de criar empatia com seu público e ficar em sua memória. Simplifique, e o leitor agradecerá.

Narração em off

Página de ação, do Demolidor, com narração em offSempre me perguntei por que tanta narração e reflexões em histórias de ação. "Eu não sou um deles. Disso, tenho certeza. Por isso, não posso concordar com esta visão distorcida dos fatos". "Três socos. Um pontapé. É só o que preciso para aniquilar este monstro. Ele se mostra como invencível, mas aposto minha vida como ele cai no terceiro golpe. Um já foi dado". Se no cinema temos a trilha sonora ajudando o público a entrar no clima de ação, esse tipo de recordatório, vício dos quadrinhos, só torna tudo enfadonho.

Por fim, há uma preocupação fundamental que escapa à cabeça da maioria dos autores. Ao trazer seu super-herói ao público, nunca se esqueça da realidade brasileira quanto à publicação de quadrinhos. Vejo muitos projetos pensados como se o nosso mercado fosse idêntico ao americano, o que é um erro fatal.

Daí, o autor cria um personagem ou uma trama que será mais bem entendida pelo leitor ao longo de várias e várias edições. Só que não há sequer a certeza de que a primeira destas será viabilizada.

Então, o autor consegue lançar uma duas ou três edições e não sai mais nenhuma (o que é praticamente uma regra no nosso mercado, qualquer que seja o gênero ou o estilo da HQ). Com isso, todo aquele conceito fica no ar e ninguém entende nada do que leu.

Sem falar que o leitor já é incrédulo, e se o personagem ou a trama não conquistá-lo de cara, ele dificilmente dará chance para uma segunda ou terceira tentativa. Mais: o simples fato de haver um "continua" já o espanta, pois ele já aprendeu que as próximas edições virão somente meses depois ou não virão nunca.

Bem, a partir do momento que a sua obra consiga escapar às eternas referências na hora de se criar super-heróis, aí, sim, podemos entrar na questão: como fazê-lo parecer um brasileiro legítimo? Para isso, não há fórmulas, mas também listo a seguir algumas idéias que me parecem razoáveis.

Evitar a "síndrome vai se danar"

Apelidei de "síndrome vai se danar" a repetição nos diálogos de maneirismos e do linguajar típicos de filmes e HQs estrangeiras. Mais precisamente, das traduções dessas obras.

A assimilação das obras traduzidas é tamanha, que até estes vícios são repetidos, mesmo que ninguém os use em seu cotidiano. Pra mim, o clássico é o "vai se danar", tradução de fuck you, expressão que nunca vi ninguém usando.

Assim, ao escrever um diálogo, não pense como o personagem do gibi ou o herói do filme falariam. Pense como cada frase seria dita por você, numa situação semelhante. Ah, e lave o rosto cada vez que bater a tentação de colocar uma frase de efeito.

Quando um personagem fala "Se você não está conosco, está contra nós", ele não fica ameaçador, fica apenas patético.

Saci Cibernético, Vigilante Baiano e calango Humano, personagens da Liga Tupiniquim, de Antônio ÉderFugir dos estereótipos

Dessa vez, são os estereótipos brasileiros. Referência aos índios é a mais clássica. Mas tem também o curupira, o saci-pererê, o... Chega!!

Também não carregue no tom. Não precisa colocar um mineiro falando uai, um carioca malandro ou um favelado sambista.

Brasil, não Brazil

Índios musculosos e selvagens, araras e coqueiros pelas ruas e mulheres seminuas na praia. É a visão que os americanos têm do Brasil? Sim, mas não foi só em quadrinhos e filmes americanos que encontrei essa ótica distorcida. Por incrível que pareça, estes elementos, volta e meia, são vistos também em histórias 100% feitas aqui.

Rio de Janeiro, no traço de JanoEnriquecendo o cenário

Como foi dito antes, não basta desenhar o Corcovado para que o leitor veja e sinta a história acontecendo no Rio de Janeiro. Ao situar a HQ em um cenário, procure passar (sem exageros) as nuances deste local. Um erro comum é retratar inicialmente uma cidade brasileira para, logo mais, colocar aquelas silhuetas de prédios nova-iorquinos como fundo da ação.

Pra ajudar, o ideal é imaginar não só em que cidade, mas em que bairros as ações acontecem. E procure lugares que sejam familiares tanto ao roteirista quanto ao desenhista. Estes bairros não precisam ficar claros ao leitor, ao menos não explicitamente, pois não são o alvo da história, mas isso ajudará muito os autores a imaginar a cena acontecendo.

Se possível, bata uma série de fotos do local, não só para servirem de referência ao desenhista, mas como uma forma de ajudar a observação. Curiosamente, ao ver as que bato deste ou daquele canto, vejo muito mais coisas do que quando estava lá, no próprio local...

Referências históricas

Gaúcho da Fronteira, personagem da Liga Tupiniquim, de Antônio ÉderParece exagero, mas não é. Para inserir seu personagem no Brasil, você precisa saber exatamente que país é esse, desde os primórdios até hoje. Senão, quando a sua trama pedir, você só terá as referências históricas americanas (guerra do Vietnã, II Guerra na visão dos ianques, colonização do oeste) ou as brasileiras mais básicas (descobrimento, independência, Golpe de 1964 etc).

E não estou mudando de assunto, continuo falando de quadrinhos de super-heróis! Não quer dizer que você precise colocar na sua história tudo o que aprender, mas um belo dia tenha certeza de que vai cair como uma luva na sua HQ, em determinadas tramas, uma referência ao projeto Rondon ou à construção da Transamazônica, só pra dar dois exemplos entre milhões possíveis.

Carros, roupas, casas, cabelos...

Personagens de Octavio CarielloAo tomar desenhistas consagrados como referência (e não há nada de mal nisso, desde que fique na influência, não na cópia), o brasileiro acaba assimilando mais do que devia. Com isso, os carros, as roupas, os cabelos, as casas, os móveis, as lojas, as calçadas, as estradas e tudo o mais que rodeia os personagens ganha um toque americano, fugindo até bastante do que vemos ao nosso lado todos os dias.

Veja, terminei o texto sem nem entrar nas questões mais evidentes - heróis supermusculosos, poses hercúleas, diálogos longos com discussões e piadinhas durante uma luta (algo totalmente inverossímil)...

Em nenhum momento, quero aqui "cagar regras". A intenção é apenas ajudar os autores que acreditam que vale a pena criar super-heróis brasileiros a questionar os melhores caminhos para isso.

Defendo que, antes de tudo, deve-se ver super-heróis como um gênero que pode ser abordado de mil formas diferentes, e não como uma continuação do trabalho Marvel / DC.

Para aquele que realmente quer criar algo novo no gênero, espero ter ajudado de alguma forma. Mas, quando a semelhança e a repetição de estilos é algo proposital, motivadas pelo ardor do fã que é maior do que o do autor, aí fica mais difícil...


Fonte: UniversoHQ

domingo, 18 de março de 2007

Artigo afirma que quadrinhos não são feitos para crianças

"São os adultos, e não as crianças, que ajudam o mercado de quadrinhos a sobreviver". Esse foi o título de uma matéria publicada no último dia 13 de março no site do jornal norte-americano The Detroit News. Segundo o texto, a média de idade dos leitores de HQs nos Estados Unidos, que já era alta (18 anos) em 1989, hoje é ainda maior: 30 anos.

No artigo são levantadas questões como a que indaga se casos semelhantes à da chocante cena de estupro em Crise de Identidade, minissérie protagonizada por heróis famosos como Batman, Mulher-Maravilha e Super-Homem, são um reflexo do quanto os quadrinhos estão virando coisa para adulto, ou se apenas representam a causa do afastamento das crianças dessa mídia.

A verdade é que, ao mesmo tempo em que estimulam a renovação de leitores com ações promocionais e de marketing direcionadas às crianças, Marvel e DC - só para citar as gigantes do setor nos Estados Unidos - produzem revistas em quadrinhos que dificilmente serão digeridas por esse público.

Marvel ActionIsso, é claro, se reflete no mercado de outras praças, como o Brasil, um dos países que mais consomem gibis de super-heróis das duas maiores editoras norte-americanas e de outras mais que eventualmente têm alguns de seus títulos publicados por aqui. Quem imaginaria, até pelo menos os anos 1990, ler uma recomendação de faixa etária na capa de um gibi com as aventuras de Demolidor, Pantera Negra e Cavaleiro da Lua, como pode ser visto na recém-lançada Marvel Action (Panini)?

Editoras dos Estados Unidos também estão investindo pesadamente em graphic novels, que acompanhadas dos adjetivos "luxuosas", "caras" e "adultas" são garantias de sucesso, mesmo que nos atuais padrões, longe das marcas recordes de milhões de exemplares vendidos de uma única edição. Tanto que, em 2005 e no ano passado, esses álbuns especiais com a indicação "para leitores maduros" (mesmo que, de fato, o conteúdo de algumas obras permitisse uma "censura livre") estiveram no topo do ranking de vendas de revistas em quadrinhos naquele país e estão ditando uma nova tendência.

Os recentes cancelamentos de títulos da Disney nos Estados Unidos são apenas um pequeno capítulo dessa história que cada vez menos envolve as crianças em sua trama. Quem tiver a oportunidade de adquirir algumas edições atuais dos gibis norte-americanos da turma de Patópolis, por exemplo, verá que as seções de cartas contêm exclusivamente mensagens de leitores adultos. O fato de, em sua imensa maioria, essas HQs serem apenas republicações de aventuras dos anos 1960 a 1980, não é mera coincidência.

O Melhor da Disney - As Obras Completas de Carl Barks

MônicaVale lembrar que a Disney também foi vítima de uma enxurrada de cancelamentos no Brasil e em Portugal, países em que os leitores desses quadrinhos, a exemplo dos Estados Unidos, são representados em grande parte por maiores de idade.

Dessa forma, as revistas em quadrinhos adultas - e as juvenis - de todos os gêneros estão preenchendo muito mais da metade do espaço nas bancas ou comics shops.

No Brasil, entre os poucos títulos infantis que ainda sobrevivem, os da Turma da Mônica, sozinhos, detêm mais de 70% do mercado nesse segmento. E, embora exista uma renovação constante de crianças leitoras das histórias dos personagens de Mauricio de Sousa, metade do público desses gibis ainda é composto por adultos, segundo informações do próprio quadrinhista.

Calvin & Haroldo Coleções luxuosas como Luluzinha, Recruta Zero, O Melhor da Disney - As Obras Completas de Carl Barks e Turma do Pererê, lançadas no Brasil com preço alto e apelo saudosista, e da mesma forma nos EUA com Calvin & Haroldo, Peanuts, Pimentinha e muitos outros, só corroboram o fato de que, por mais paradoxal que possa parecer, a maioria das publicações infantis está sendo produzida somente para o deleite dos adultos.

Seguindo esse raciocínio, o jornalista Mike Antonucci, autor da matéria do The Detroit News, afirmou categoricamente que a indústria dos quadrinhos está e continuará em declínio, e não é preciso entender isso como um caso restrito aos Estados Unidos. Se, amanhã, não houver adultos suficientes com um interesse mínimo por gibis (pois eles seriam as crianças de hoje que têm pouca afinidade com esse hobby), como essa indústria sobreviverá?

A resposta pode estar no velho clichê, de que "só o tempo dirá".

Texto de Marcus Ramone
Fonte: UniversoHQ