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terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Carnaval de Quadrinhos das Quartas 9 - Contadores de Histórias - Jim Starlin

Esta é a nona edição do Carnaval de Quadrinhos das Quartas. Nesta edição iremos falar de "Contadores de História". Minha escolha foi Jim Starlin, conhecido mais pelo pessoal antigo e dono de um humor bastante "ácido" ele definitivamente marcou história nas HQs. Aliás, marcou e continua marcando... Suas criações continuam por aí e seus trabalhos também.

JIM STARLIN


Seu nome virou praticamente um sinônimo de aventuras espaciais. Ele próprio admitiu que como desenhista não se sente muito entusiasmado desenhando cenários e personagens do nosso dia-a-dia, preferindo deixar a imaginação voar rumo as estrelas. Uma curiosidade interessante é que ele tem a palavra star no sobrenome.

James P. Starlin nasceu em 9 de outubro de 1949, em Detroit. Começou sua carreira profissional na Marvel, em 1972, sob a direção dos editores Roy Thomas e John Romita. Seu primeiro trabalho na editora foi como arte-finalista do título original do Homem-Aranha. Em seguida desenhou três edições de Homem-de-Ferro, onde já introduziu sua mais famosa criação, Thanos, sabidamente uma homenagem a Darkseid, criado por Jack Kirby na DC Comics.


Quando foi chamado para desenhar a edição número 25 do título do Capitão Marvel, que já estava para ser cancelado, Jim conseguiu mudar a idéia dos editores e na edição seguinte assumiu também os roteiros. Então ele deu início à elaboração da rica cosmologia da Marvel, ditando o modelo para todos os seus criadores.

Esta empreitada continuou com a revitalização de um personagem do segundo escalão da editora, criado por Stan Lee e Jack Kirby: Adam Warlock. Com estes dois personagens Starlin construiu praticamente toda sua carreira dentro do Universo Marvel, estabelecendo entre eles uma relação que foi mote para muitas aventuras em que o destino de toda criação esteve em jogo.

Depois de um tempo, a revista do Capitão Marvel estava novamente ameaçada de cancelamento. Foi então que Starlin decidiu encarar o problema de frente e criou a graphic novel A Morte do Capitão Marvel. Foi um dos primeiros casos de morte de um super-herói de quadrinhos. O roteiro desta revista foi uma homanagem a seu próprio pai, que assim como o personagem também morreu de câncer.

No final dos anos 80, Starlin assumiu os roteiros do título do Surfista Prateado, substituindo Steve Enlglehart. Em seguida, ele deu continuidade à saga de Thanos iniciando a primeira minissérie intergaláctica.

Em 1982, Starlin começou a publicação de sua série autoral, Dreadstar, pelo selo Epic da Marvel. A saga mostrava Vanth Dreadstar, único sobrevivente de toda a Via Láctea, que lutava contra a tirania do Lord Papal, líder da Instrumentalidade, uma espécie de organização religiosa que se opunha politicamente à Monarquia em todo o universo.

No Brasil, a saga foi publicada pela Editora Abril, nas seis edições da revista Epic Comics, que trazia os quadrinhos do selo da Marvel. Em seguida, a Editora Globo publicou as continuações, respectivamente, com duas graphic novels (Dreadstar e O Preço) e uma revista mensal de dez edições. Infelizmente, devido a problemas na negociação com a editora norte-americana, os leitores brasileiros ficaram sem ver o final desta excelente saga.


Em seguida, na linha de publicações autorais, veio Gilgamesh II. A história passada num futuro de alta tecnologia é uma releitura do mito babilônico. Ao lado de Dreadstar, é uma das obras que melhor reflete a imaginação de Starlin em criar uma nova cosmologia replete de conteúdo, com referências culturais e filosóficas bem elaboradas.

Como roteirista, Starlin tem alguns trabalhos diferentes da ficção científica. Ele é co-criador de de Shang Chi, o Mestre do Kung Fu e desenhou as primeiras histórias do personagem. Ele também fez o roteiro de uma minissérie do Justiceiro desenhada por Bernie Wrightson.

Durante um tempo, foi roteirista do Batman, onde ficou mais conhecido por ter matado o segundo Robin, Jason Todd, na história Morte em Família. Mas Starlin também é responsável por uma das mais cultuadas minisséries do Homem-Morcego, O Messias. Esta história, também desenhada por Bernie Wrightson, foi a primeira a fazer referência à marca registrada da narrativa de O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, o uso da televisão para narrar eventos da trama.

Em 1988, ao lado do desenhista em ascensão Mike Mignola, criou Odisséia Cósmica, uma das grandes sagas da DC estrelada pela Liga da Justiça e que girava em torno do conflito entre Apokolips e Nova Gênese. A série tem muitos pontos altos, que ficaram para a história da DC, como destruição de um planeta por descuido do Lanterna Verde John Stewart e Batman salvando o universo como o conhecemos com uma chamada feita de um orelhão!


Nos anos 90, Starlin publicou algumas minisséries para editoras como a Malibu e a Slave Labor Graphics. Além disso, ele de vez em quando retornava com algum projeto para os heróis cósmicos da Marvel que ajudou a desenvolver. Foi a assim com o título do novo Capitão Marvel, a revista mensal de Thanos e as minisséries Abismo Infinito e Universo Marvel – O Fim.

Infelizmente nenhuma delas esteve à altura dos trabalhos dos anos 80. Principalmente porque Starlin passou a deixar de desenhar cenários espaciais para que estes fossem feitos pela equipe de colorização por computador. Dessa forma os desenhos de Starlin perderam a maior parte de seu charme.

Seus trabalhos autorais mais recentes parecem ter agradado mais ao público e à crítica norte-americana. Em 2004, pela editora Devil´s Due e pela Dynamic Entertainment, ele publicou a graphic novel Cosmic Guard. Nela vemos a história de Ray Torres, um órfão de 12 anos que teve uma vida de cão e está pronto para se suicidar, saltando do alto do telhado do orfanato onde vive, quando é escolhido por um campeão de outro planeta para ajudá-lo a salvar sua população de uma raça invasora. "Ray se transforma, de um órfão indesejável de 12 anos, num herói universal de 16 anos. É uma revista adulta sobre um garoto”, disse Starlin.

Em janeiro de 2007, a Dynamic Entertainment anunciou a publicação de uma nova graphic novel escrita e desenhada por Jim Starlin chamada Kid Kosmos que é a continuação de Cosmic Guard.


Agora uma entrevista concedida por Starlin para o site UniversoHQ

Um sucesso escrito nas estrelas
A vastidão do Cosmos sempre fascinou o homem. Em todas as formas de arte, muitos já utilizaram o espaço como tema principal de suas obras. Nos quadrinhos, um artista que fez - e ainda faz - inúmeras incursões pelas estrelas é Jim Starlin.

Criador do saudoso Dreadstar (veja matéria especial sobre o personagem apóps a entrevista), Starlin tem um currículo invejável. Foi o primeiro artista a matar "de verdade" um super-herói, o Capitão Marvel (da Marvel; não confundir com o da DC Comics); era o roteirista da Morte de Jason Todd, o segundo Robin; criou o mega-vilão Thanos; e trabalhou com vários os super-heróis "de peso", como Super-Homem, Batman, Surfista Prateado, Hulk, Homem de Ferro, Aquaman e outros.


Recentemente, desenhou algumas edições do novo Capitão Marvel e está envolvido em uma série de projetos, como a republicação de toda a saga de Dreadstar em volumes encadernado, em preto e branco, pela Slave Labor Graphics. Aliás, para os fãs do Guerreiro das Estrelas, uma surpresa: Starlin disse que pretende retomá-lo e, provavelmente, o matará!

Portanto, prepare-se! Sua viagem intergaláctica está apenas começando!

Universo HQ: Qual é a sua formação acadêmica e artística?
Jim Starlin: Tenho pouquíssimo treinamento acadêmico. Eu costumava desenhar no meu quarto quando criança, olhando as revistas e tentando descobrir como desenhá-las.

UHQ: Qual sua idade e quando começou a trabalhar com quadrinhos? O que o levou a querer trabalhar nessa área?
Starlin: Estou com 51 anos, e trabalho profissionalmente com quadrinhos desde 1972. Sempre amei quadrinhos, e quis escrevê-los e desenhá-los desde os oito anos.


UHQ: Muitos dizem que Jack Kirby foi uma grande influência em seu trabalho. Isso é verdade? Quais artistas marcaram seu estilo? Quais foram seus ídolos?
Starlin: Kirby era o meu Deus, seguido de perto por Steve Ditko, em segundo lugar. Outras influências que tive quando pequeno foram Gil Kane, Carmine Infantino e Joe Kubert.

UHQ: Quais as diferenças entre se trabalhar na Marvel e na DC? Você prefere trabalhar com os personagens de qual das duas editoras?
Jim Starlin: Na maioria das vezes, as diferenças são bem pequenas. Tudo depende de quem está no comando em determinado momento; e com qual editor se está trabalhando. Quando trabalhei com Kevin Dooley, em Hardcore Station (nota do UHQ: uma minissérie em seis partes, da Liga da Justiça, para a DC Comics), foi um verdadeiro pesadelo. Mas eu também atuei lá com Archie Goodwin, em outro projeto, e foi maravilhoso. Agora, estou trabalhando com Tom Brevoort, na Marvel, e está sendo ótimo. Ele é muito profissional e amigável. Com outros editores da Marvel, eu não tive tanta sorte.
Eu tenho um grande carinho pelo Super-Homem e Batman, porque eu cresci com eles, mas, atualmente, estou trabalhando com os meus personagens favoritos na Marvel. Tudo muda, dependendo de quem está no comando em cada companhia. No momento, eu gosto do pessoal que está na Marvel, e por isso estou com eles. Isso pode mudar no próximo ano. Quem sabe?

UHQ: Pouca gente lembra que você desenhou as primeiras histórias do Mestre do Kung Fu, um personagem que marcou muitos leitores. Qual a sua relação com o personagem? Foi um momento importante para sua carreira?
Starlin: Trabalhar com Steve Englehart foi divertido, e eu adorava o programa de TV do Kung Fu (nota do UHQ: uma série, dos anos 70, onde o personagem principal era interpretado por David Carradine). Nós queríamos fazer uma adaptação do programa, mas a Time Warner era dona dele. O ruim sobre esse projeto foi ter Fu Manchu incorporado à mistura.
Nunca havia lido nada dele e não tinha idéia de quão racistas os livros eram. Muitos dos meus amigos asiáticos me deram um "puxão de orelha" depois que foi lançado.


UHQ: Quais as diferenças entre trabalhar na Marvel na fase em que você desenhava Adam Warlock e Vingadores (Saga de Thanos) e, posteriormente, quando fez as mini-séries Desafio Infinito e Thanos: Em Busca do Poder?
Starlin: Quanto mais tempo eu trabalho na Marvel, mais devagar eles ficam para aprovar projetos. Quando eu fiz Warlock, falei com Roy Thomas durante a tarde e, à noite, já estava desenhando a primeira página. Agora, tive que esperar três meses para concordarem em fazer Infinity Abyss.

UHQ: Você usou a Graphic Novel "A Morte do Capitão Marvel" como uma forma de colocar para fora sentimentos referentes à morte do seu pai, vítima de um câncer. Como foi executar essa obra? Qual foi a reação dos fãs em relação a essa história? Afinal, você matou um herói muito querido!
Starlin: Foi uma forma barata de terapia. Adorei fazer o projeto, e muitos fãs também gostaram. Recebi algumas ameaças de morte, mas nada demais. Recebi mais aborrecimentos de diversos dos meus companheiros de profissão, que estavam irritados porque eu consegui o primeiro negócio com royalties nos Estados Unidos.


UHQ: É verdade que, na época, você fez a Graphic Novel, para que a Marvel, em troca, publicasse Dreadstar, pela Epic (nota do UHQ: um selo da Marvel para matérias especiais/adultos, com alguns títulos cujos direitos eram dos autores)?
Starlin: Sim. Eu e Shooter fizemos um acordo sobre começar uma linha que tivesse histórias com personagens que pertencessem aos autores, mas só se eu fizesse esse projeto antes.

UHQ: O que está achando da nova revista mensal do Capitão Marvel, escrita pelo Peter David? Como é sua relação com ele, uma vez que David também já trabalho com o Dreadstar? Você ainda acompanha os personagens que lhe trouxeram fama, como Vingadores, Adam Warlock e outros?
Starlin: É boa. Nos últimos tempos, desenhei três edições do novo Capitão Marvel para o Peter David (números 11, 17 e 18). Sobre os outros personagens, em breve, usarei vários, como Thanos, Capitão Marvel, Serpente da Lua, Gamora, Dr. Estranho, Homem-Aranha e Pip, em Infinity Abyss, uma mini-série, em seis edições, que vou escrever e desenhar para a editora.

UHQ: Como surgiu Metamorphosys Odyssey, na Epic Comics, na qual você deu inicio a história que culminou no surgimento do título "Dreadstar"? Você tinha isso em mente desde o início?
Starlin: Não! Originalmente, a idéia era fazer uma história com um final parecido com um conto de fadas. Mas eu comecei a gostar de Dreadstar, à medida que a história se desenvolvia. Além disso, a Marvel, repentinamente, percebeu as vantagens de lançar personagens que pertencessem aos seus criadores. Foi assim que a linha Epic começou.

UHQ: Conte um pouco sobre o trabalho na mini-série O Messias, de Batman. Afinal, esse foi um dos primeiros trabalhos de destaque do personagem depois de Cavaleiro das Trevas, e as comparações foram inevitáveis! Como você lidou com isso?
Starlin: Na verdade, não me lembro de qualquer comparação entre as duas histórias. Eu tentei afastar o meu Batman da versão do Miller, porque era o melhor a fazer naquele momento Se tivesse que comparar com qualquer trabalho do Miller, seria com Ronin, pois ambas as histórias têm longos períodos situados dentro dos esgotos.

UHQ: Como foi a repercussão da Morte de Robin (nota do UHQ: Starlin era o roteirista da história)? É verdade que os leitores americanos detestavam Jason Todd? Como foi a história da votação do público, para decidir se ele devia ou não morrer?
Starlin: Sim, todos detestavam Jason Todd. Eu queria matar o Robin, logo que comecei a escrever Batman. A idéia de pegar uma criança para lutar contra o crime é ridícula! Então, Denny O'Neil veio com a idéia da votação por telefone. Ele ganhou o crédito da idéia de matar o Robin desde o começo.
Então, a revista foi lançada, e os executivos da Time Warner perceberam que eles tinham todas aquelas lancheiras e pastas com o Robin estampado nelas e, de repente, a culpa da morte do Robin passou a ser minha! Em menos de três meses, eu já estava fora da DC.

UHQ: Por que Dreadstar saiu do selo Epic? Depois de passar pela First, o que causou o seu cancelamento? No Brasil até hoje, existe uma legião de fãs, auto-intitulada "órfãos de Dreadstar", que desconhece o final da saga do personagem!
Starlin: Estou empenhado em publicar toda a série de Dreadstar pela Slave Labor Graphics. A Epic foi uma linha da Marvel que publicava personagens que pertenciam aos autores. Quando a Marvel e eu tivemos uma briga sobre o dinheiro que me deviam, levei o material para a First e, posteriormente, para a Malibu.

UHQ: Você foi um pioneiro em termos de direitos autorais na indústria americana dos Comics, com Dreadstar. Porém, não produziu mais obras com o personagem e, na sua volta, após vários anos, permitiu que o roteiro e desenho fossem feitos por outros artistas (nota do UHQ: Peter David assumiu os roteiros e os desenhos ficaram por conta de artistas como Luke MacDonnell e Angel Medina). Você perdeu o prazer de trabalhar com Dreadstar?
Starlin: Eu escrevi, desenhei e arte-finalizei o equivalente a aproximadamente 50 edições de Dreadstar. Precisei parar e, desde então, não encontrei a oportunidade ideal para voltar a fazer dinheiro com novas histórias do personagem. Afinal, isso aqui é um negócio!

UHQ: Como estão as vendas das republicações da saga de Dreadstar, pela Slave Labor Graphics (nota do UHQ: Starlin está relançando toda a série de histórias de Dreadstar, em edições encadernadas, em preto e branco)?
Starlin: Boas o suficiente para continuarem publicando. Haverá um intervalo de uns seis meses entre as publicações dos livros quatro e cinco, enquanto eu estiver trabalhando em Infinity Abyss.

UHQ: Existe um ditado que afirma que toda história boa tem começo, meio e fim. Você pretende encerrar em definitivo a saga de Dreadstar algum dia? Quais os planos futuros para o personagem?
Starlin: Algum dia, em algum lugar, eu retornarei ao Dreadstar e, provavelmente, vou matá-lo no fim da saga. Eu também tenho uma história que quero fazer com ele, chamada Class Warfare.

UHQ: Como surgiu a Bravura Comics (nota do UHQ: um selo da Malibu Comics), onde você publicou duas mini-séries Breed I e II? Qual foi sua participação nisso? Na sua opinião quais os motivos que levaram ao fim desse selo?
Starlin: Harris Miller, meu advogado e também da maioria do pessoal envolvido na linha Bravura, fechou um acordo sobre os direitos dos artistas com a Malibu Comics. Chaykin que sugeriu o seu nome. No fim, a linha morreu, porque os homens de negócios da Malibu não eram muito bons no seu trabalho, e a Marvel acabou por comprar a companhia.

UHQ: Você foi um dos primeiros argumentistas a matar, "de verdade", personagens de grande sucesso. Hoje em dia, a morte/ressurreição de personagens virou lugar comum, quase sempre na tentativa de se aumentar a vendagem de revistas. O que acha disso?
Starlin: Prefiro não opinar.

UHQ: Na grande maioria de suas histórias temos a ação acontecendo no espaço sideral, em outros planetas ou outros universos. Existe algum motivo especial para essa fascinação pelo cosmos?
Starlin: Sim, eu odeio desenhar carros e pessoas com ternos. Além disso, você pode fazer histórias mais reais ou relevantes se as disfarçar com fantasias. Usando esse método, fiz contos sobre tudo, desde incesto até ridicularizar as grandes corporações; e não poderia ter feito isso se fosse no "mundo real".


UHQ: Você acompanha alguma série de quadrinhos atualmente? Quais são seus artistas prediletos da atualidade?
Starlin: Leio muito pouco. Qualquer coisa do Alan Moore e Frank Miller, e algumas poucas coisas da Marvel, que têm ligação com o que eu estou fazendo. Também gosto das histórias do Peter David.

UHQ: Você trabalhou com Super-Homem, Batman, Surfista Prateado, Hulk, Homem de Ferro, Aquaman e Capitão Marvel, entre outros personagens de sucesso! Existe algum super-herói com o qual você gostaria de ter trabalhado, mas não conseguiu?
Starlin: Millie the Model (nota do UHQ: uma personagem feminina, no melhor estilo Barbie, que foi publicada das décadas de 40 a 60, nos Estados Unidos). Não, na verdade, fiz pelo menos algum trabalho com todos os personagens que sempre quis trabalhar.

UHQ: Qual o seu personagem favorito?
Starlin: Thanos, porque eu o criei e, toda vez que vou para a Marvel, ele está num canto, sentado, esperando por mim para "brincarmos" juntos, não importa em qual título eu esteja trabalhando.

UHQ: Você trabalha com quadrinhos há mais de 30 anos. O que te atrai tanto nessa mídia? O que acha das dificuldades que os quadrinhos estão passando?
Starlin: As dificuldades passarão. Talvez agora, com o (George W.) Bush como presidente. Sempre que tivemos um presidente republicano e a economia em queda, a indústria de quadrinhos prosperou. É só olhar para trás, e ver quais foram os melhores anos: durante os governos de (Richard) Nixon, (Ronald) Reagan e (George) Bush. Nós temos um desempenho melhor quando os outros estão se "machucando".

UHQ: Você já mencionou a mini-série chamada Infinity Abyss, que propôs para a Marvel. Do que se trata a história? Como andam as negociações?
Starlin: O projeto já foi autorizado, e é sobre a realidade caindo em um abismo. Mais detalhes no futuro.

UHQ: Depois de muitos anos, a Marvel resolveu "ressuscitar" Rom, numa mini-série em 5 partes, com textos seus e desenhos de Chris Batista. Como foi trabalhar com esse personagem (nota do UHQ: um homem que, para salvar o seu planeta, abdica da sua humanidade, para ser transformado num robô espacial. O personagem fez muito sucesso nas décadas de 70 e 80, inclusive no Brasil, pela RGE)? Você gostou de trabalhar com o personagem?
Starlin: Na verdade, não. Na década de setenta, eu o achava um personagem bem bobo. Apenas peguei o trabalho de escrever a série, pois assim poderia pagar algumas prestações do meu barco. Eu era estritamente mão-de-obra contratada naquele projeto. Não farei mais nada com Rom.

UHQ: Fale um pouco também sobre Wyrd: The Reluctant Warrior (Nota do UHQ: Mini-série em 6 edições, publicada pela Slave Labor), ainda desconhecido do público brasileiro.
Starlin: Wyrd é uma história humorística e política, sobre os ricos contra a magia e a homossexualidade não intencional. É um dos meus trabalhos favoritos; e é uma pena tão poucas pessoas terem lido. Está disponível em uma coleção da Slave Labor Graphics.

UHQ: Você poderia dar mais detalhes de suas outras atividades atuais, como, por exemplo, a produção de livros e softwares?
Starlin: Eu co-escrevo quatro romances com Daina Graziunas, minha ex-mulher (Among Madmen, Lady El, Thinning the Predators e Pawns, que foi serializada com a história de fundo baseada em Dreadstar). Eu sou um dos sócios de uma companhia de computadores chamada Electric Prism, que faz de tudo, desde design de websites até adaptar desenhos arquitetônicos para plantas de construção. Meu envolvimento atual com a empresa é mínimo.

UHQ: Você acredita no potencial dos quadrinhos pela Internet? Eles podem substituir o papel algum dia? O que achou das recentes notícias sobre a Stan Lee Media?
Starlin: a Stan Lee Media demitiu a maioria do seu pessoal há algumas semanas. Eu não acho que descobrirão tão cedo um substituto para o prazer de segurar uma revista nas mãos. Você já tentou ler quadrinhos pela Internet enquanto vai ao banheiro?

UHQ: Você poderia mandar uma mensagem aos seus fãs brasileiros?
Starlin: Continuem lendo e acreditando. A vida é muito curta para não se ter fantasias.

UHQ: Muito obrigado por sua atenção. O Universo HQ lhe deseja sucesso, sempre!
Starlin: Muito obrigado.


Matéria sobre Dreadstar publicada no Universo HQ.

Dreadstar e seus orfãos

Leitor de quadrinhos sofre. Se for brasileiro, então, sofre em dobro! Temos que ler histórias adulteradas, muitas vezes com uma tradução confusa, descobrir que páginas foram cortadas por motivo de espaço, e também nos deparar com o mais assustador de todos os problemas: o desaparecimento de uma revista das bancas, deixando centenas, milhares de fãs sem a conclusão da história, a ver navios. E foi exatamente desse mal que sucumbiu o ótimo personagem Dreadstar, de Jim Starlin.

O cancelamento da revista, quando de sua última publicação, pela Editora Globo, aconteceu devido às dificuldades de negociação com a detentora dos direitos sobre o personagem, a First Comics. "A Globo não teve meios para obter o material. Não existiam as facilidades da internet naquele tempo, e os contratos eram feitos por outro setor da empresa, chamado de Globo Press, que não conseguiu acertar a publicação da seqüência do titulo, após a saída do mesmo do selo Epic, da Marvel, passando para a First. Os editores não participavam desses contatos", lamenta Leandro Luigi Del Manto, editor do título na época, hoje na Pandora Books. Ele também informou que a tiragem ficava aproximadamente entre 25.000 e 30.000 exemplares por edição, um número considerado apenas razoável, mas que seria ótimo para qualquer publicação de quadrinhos nos dias de hoje.

A saga do personagem foi publicada no Brasil da seguinte maneira:


06 números da revista Epic Comics - Editora Abril
Graphic Novel Dreadstar - Editora Globo
Graphic Novel O Preço - Editora Globo
10 números da revista Dreadstar - Editora Globo

Curiosidade: Dreadstar é uma graphic novel pintada, ao melhor estilo do que Alex Ross faz hoje, só que 20 anos atrás!


A HISTÓRIA


Tudo começou milhares de anos atrás, na Via Láctea. Havia duas raças extremamente poderosas e distintas, os Zygoteanos, guerreiros e mercenários, determinados a conquistar todos os planetas existentes, e os Orsirosianos, imortais que cultivavam a magia e a ciência.

Após séculos de luta, a derrota do Orsirosianos era eminente. Eles tomam, então, uma decisão radical. Antes destruir a galáxia, que se submeter aos mandos dos Zygoteanos.

Para isso, bolam um plano, sob o comando de Lorde Aknaton. Invocam a "trombeta do infinito". Para aciona-la, quatro seres são convocados, entre eles Vanth Dreadstar, que havia encontrado uma espada, deixada muito tempo atrás no planeta Vega, por Aknaton. O plano funciona, a trombeta é acionada, e toda Via Láctea é destruída.

Vanth e Aknaton sobrevivem, e vagam milhões de anos dentro de uma esfera mística. Quando despertam, no planeta Caldor, Vanth mata Aknaton, por não aceitar a destruição que este causou.

Em Caldor, Vanth conhece um pacifico povo felino, e encontra o amor nos braços de Delilah. Porém, a paz é quebrada com a chegada de Syzygy Darklock, um ex-bispo da instrumentalidade, que teve uma visão, e veio à procura de Vanth para tornar-se seu amigo e mentor.

Na galáxia empírica, onde Vanth se encontra, uma guerra sem fim ocorre entre as forças da instrumentalidade, sob julgo do Lorde Papal, e da Monarquia. Esta última ataca Caldor, provocando a morte de Dalilah. Como conseqüência, Vanth entra na guerra, disposto a acabar com os responsáveis pela mesma.

OS PERSONAGENS


Vanth Dreadstar - Um dos poucos sobreviventes da explosão que devastou a Via Láctea, Vanth procurava paz. Porém, foi pego em meio à guerra entre a Monarquia e a Instrumentalidade, e acabou por ter sua companheira assassinada. A partir daquele momento, tornou-se inimigo ferrenho de ambos, e decidiu acabar com a guerra entre as potências. Sua fonte de poder é uma espada, forjada através de magia e possuidora de vida própria.

Syzygy Darklock - Ele era bispo supremo da instrumentalidade. Teve seu irmão assassinado por forças místicas, e ao empreender uma jornada em busca de vingança, adquiriu poderes além do imaginado, e descobriu seu destino, como peão no jogo cósmico em busca da paz. Acabou por tornar-se uma espécie de mentor de Dreadstar.

Lorde Papal - Um mestiço, fruto da união entre duas raças diferentes, sofreu diversos preconceitos e humilhações quando criança. Foi encontrado por um membro da instrumentalidade, que percebeu seu poder latente e o iniciou nos segredos da magia. A partir daí, Papal teve uma carreira fulminante na instrumentalidade, sempre em busca de poder.

Oedi - A raça de Oedi foi o resultado de uma experiência fracassada da instrumentalidade, cruzamento entre gatos e humanos na busca de um guerreiro perfeito. Porém, o resultado não foi o esperado, obtendo-se somente dóceis camponeses. Ao ter toda sua raça exterminada pela Monarquia, Oedi aliou-se a Dreadstar e Syzygy na busca por vingança.

Willow - Na infância, sofreu abusos por parte do pai. Ao cruzar com Dreadstar e seu grupo, resolveu segui-los. Ao ser descoberta na nave dos rebeldes, inadvertidamente atacou Dreadstar com uma rajada psíquica. Acabou por juntar-se ao grupo, e foi treinada por Syzygy. Porém, para poder utilizar seus poderes, acabou por perder a visão.

Skeevo - Um mercenário, cujo principal objetivo é o dinheiro, ninguém sabe exatamente porque está junto com o grupo. Não tem maiores poderes, a não ser sua esperteza, agilidade e seu senso de humor.

O QUE VOCÊ NÃO VIU...


Se você odeia Spoilers, e ainda tem a esperança de ter em mãos o restante da saga algum dia, não leia as próximas linhas. Vamos contar parte do que aconteceu na seqüência do último número publicado pela Editora Globo!

Depois da fuga, graças a ajuda de Oedi (disfarçado no lugar de Mezlo), o grupo acaba por descobrir quem era o traidor da equipe: ninguém menos que Syzygy Darklock!

Porém, o próprio Syzygy desconhecia o fato de ser um traidor. Quando foi capturado pela instrumentalidade (Epic Marvel #5), sem saber, teve implantado em seu ouvido biônico um transmissor, que emitia sinais através das dimensões, os quais podiam ser captados somente pela Igreja. Eles não tinham como detectar esses sinais.

Na seqüência, o grupo ataca com todas suas forças a sede da instrumentalidade, Altarix, contando com a ajuda da frota restante da monarquia, e tendo como aliada ultravioleta. Conseguem passar pelas defesas do planeta, bem como derrotar os aliados de Papal (menos Massa e Monalo, que não estavam presentes, devido a uma armadilha armada por Oedi). O Lorde Papal escapa no último minuto, em uma nave espacial.

De posse do planeta, o grupo toma duas medidas: transmite a fita que mostra o Lorde Papal aniquilando centenas de pessoas para todo o universo, o que incita revoltas populares, e convocam os doze deuses da instrumentalidade com o "cristal dos deuses", ameaçando-os para que não voltasse a interferir nos assuntos daquela dimensão. Enquanto isso, Willow derrota Monalo, e Oedi destrói o "Massa".

Por fim, a batalha final. Dreadstar, Syzygy e Ultravioleta encontram o Lorde Papal. A batalha acontece, e somente Dreadstar permanece em pé. Quando estava para derrotar o Papal, este comete suicídio, em uma explosão mística, com a intenção de também matar Vanth. Porém, este sobrevive, e fica em coma por um longo período de tempo.

Ao despertar, descobre que muita coisa mudou. Oedi e Skeevo são burocratas do novo regime. Darklock está perto da morte e o resto do grupo faz parte de uma força especial, que caça criminosos de guerra. Vanth junta-se ao grupo, e uma nova fase tem início.

A última vez que Dreadstar saiu nos EUA foi numa mini-série em seis edições, pela Malibu Comics, através do selo Bravura, com desenhos de Ernie Colón e roteiro de Peter David. Nela, ficamos conhecendo a filha de Dreadstar, que cresceu sem conhecer o pai, sob a tutela de ninguém menos que o Lorde Papal! No final, temos a volta de Vanth, que todos acreditavam morto, e fica a deixa para uma nova continuação.

O autor, Jim Starlin, afirmou em entrevista exclusiva que talvez termine a saga um dia, matando nosso herói. Quem acompanha a trajetória do artista, sabe que ele é bem capaz disso...

Para ler os textos dos outros blogs participantes desta edição é só clicar nos links abaixo.

O Busilis - Stan Lee
Quadrideko - Frank Miller
Toca do Calango - Warren Ellis
Não Diga Nada - Howard Chaykin
Zine Acesso - Neil Gaiman
Blog do Hiroshi - Alan Moore
Reviews de Histórias em Quadrinhos - Bill Willingham


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Chega ao fim a disputa jurídica por Sonja

O processo que começou ano passado envolvendo uma disputa por direitos autorais em torno da personagem Sonja chegou ao fim na semana passada nos EUA. A Red Sonja LLC, que já detinha os direitos sobre a guerreira ruiva, agora também pode fazer uso da personagem Red Sonya (com y), criação de Robert E. Howard (também criador de Conan).


Red Sonya é uma guerreira russa do século XVI, criada por Howard para o conto "The Shadow of the Vulture" em 1934, que não viveu além desta pequena história. Em 1973, os quadrinhos de Conan trouxeram Sonja, personagem baseada em Red Sonya, mas com aventuras na Era Hiboriana, mesmo período do cimério. A única semelhança entre as duas são os nomes parecidos.

Os personagens de Robert Howard ficaram divididos entre duas empresas de licenciamento: a Red Sonja LLC, que tem apenas Sonja (com j), e a Paradox Entertainment, que ficou com Conan e todo o resto. A primeira acusava a segunda de promover Red Sonya (com y) como se fosse a hiboriana (a com j).

No complicado resultado da justiça americana, Red Sonya (com y) passou a ser também propriedade da Red Sonja LLC, para não haver mais confusão. A história de 1934 onde a personagem com y foi criada, porém, ficou sob controle da Paradox Entertainment. Sim, a personagem é de uma licenciadora, o conto é de outra.

Outra estipulação confusa é que a Paradox Entertainment detém os direitos sobre a Era Hiboriana, criação de Howard. As histórias de Sonja, porém, podem se passar neste período!

Sonja tem suas HQs publicadas nos EUA atualmente pela editora Dynamite. É esse material que a Panini começa a publicar, a partir deste mês, no Brasil.

RED SONJA

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Carnaval de Quadrinhos das Quartas 8 - Quadrinhos Antigos - Capitão 7

Mais um post pertencente ao Carnaval dos Quadrinhos das Quartas.

Em 1954, Rubem Biáfora, criou o primeiro personagem com super-poderes a ter uma série na TV brasileira. Este personagem chamava-se Capitão 7. O sete era uma referência à emissora de TV que veículava o programa, a TV Record de São Paulo, que obviamente utilizava o canal 7.

Para o papel de Capitão 7 foi convocado Ayres Campos. Ayres destacou-se por ser um jovem atleta, que graças a sua condição física, superou os testes rigorosos para a escolha do ator que iria viver o personagem.

A série ainda contava com outros atores no elenco fixo como, Idalina de Oliveira, Gilberto Chagas, Silvio Silveira, Rony Rios e Altair Lima, Nelsa Amaral, Hélio Assadi, entre outros. Idalina de Oliveira fazia o papel da namorada do capitão 7, Silvana.

A série começou a ser transmitida ao vivo, em 1954, posteriormente os episódios foram gravados em película até 1966, num total de 503 histórias. Entre os roteiristas da série havia Hélio Ansaldo e Maio Miranda.

Cena do Episódio "Os Vingadores".

Alguns episódios da série:
A cidade Perdida
A Deusa do Sol
O Reino do Terror
A Pedra Sagrada
A Máscara Diabólica
O Dragão Negro
O Punhal de Prata
Os Vingadores
A Destruição da Terra
O Ás de Espadas
O Mistério de Klebir
Os Sete Guerreiros
O Tesouro Espanhol
O Rei do Terror
O Mistério das Jóias


ORIGEM

O verdadeiro nome do Capitão 7 é Carlos. Que vivia numa cidade interiorana com sua família. Num dia eles ajudaram um alienígena, que em retribuição levou a criança para ser instruída num planeta distante, mais evoluído que a Terra. Carlos voltou à Terra com super-poderes, como super-força, super-inteligência e capacidade de voar. Possuia um uniforme possante capaz de resistir a qualquer coisa, então ele enfrenta bandidos na Terra, no mundo subterrêneo e no espaço sideral. De sua espaçonave ficava a observar os humanos na Terra. Quando não tinha alguma missão a cumprir, Carlos voltava a sua vida "normal", como um químico que namorava Silvana, filha de um funcionário da Interpol.

Aqui podemos ver algumas relações com super-heróis da Editora DC Comics, pois ele parece ser uma mistura de Lanterna Verde (Hal Jordan - 1959), Capitão Marvel (1939) e Flash (1956). Além é claro de sua incrível semelhança (devido aos roteiros espaciais) com Flash Gordon. Isso não quer dizer que ouve plágio de idéias, mas mostra como os criadores de "universos fantásticos" estavam próximos em suas concepções.


HQS

A HQ do Capitão 7 teve início em 1959 pela editora Continental. Sendo desenhado por Jayme Cortez, Júlio Shinamoto, Getúlio Delphin, Juarez Odilon, entre outros artistas. Com roteiros de Helena Fonseca, Hélio Porto e Gedeone Malagola durando cerca de 54 edições. A diferença entre a série de TV e a hq é que ao contrário da TV que era na época extremamente limitada (não existiam recursos de informática, hoje tão amplamente utilizados) os artistas eram livres para desenhar Capitão 7, por exemplo, voando, levando um veículo que pesa toneladas, enfim colocando em prática seus super-poderes concedidos pelo alienígena. Na HQ, diferente da tevê, Capitão 7 era em cores.


Nome Verdadeiro : Carlos
Ocupação : Químico e defensor da Terra
Poderes : Super força, Vôo e super inteligência, não era invulnerável apesar de ter boa resistência.
Armas : Possui uma pistola de raios no coldre mas raramente a usava, raro mesmo, só no início da série de TV.
O herói agora pode ser encontrado numa HQ em computação gráfica 3D. O criador cedeu os direitos para o Danyael Lopes, que disponibilizou algumas imagens em sua home-page. Danyael está aguardando o contato de alguma editora interessada em publicar esse material. A trama traz o retorno do herói.


CURIOSIDADES

Teve uma série de produtos licensiados com a marca. Como fantasias, camisas, lancheiras, etc.
O « 7 » provém do número de estação da emissora Record em São Paulo.
Foi um dos primeiros super-heróis brasileiros. (1954-TV; 1959-HQ).


CAPITÃO 7 NÚMERO 19


Hospedagem desta edição
Zine Acesso - Rom O Cavaleiro do Espaço

Outros blogs participantes
Toca do Calango - O Agente Secreto X-9
Blog do Hiroshi - Sociedade da Justiça da América
Quadrideko - O Fantasma, O Espírito que Anda
Não Diga Nada - Brick Bradford


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

MIRZA - A MULHER VAMPIRO

MIRZA - A MULHER VAMPIRO, de Eugênio Colonnese (1967)


Mirza, a Mulher Vampiro é um personagem brasileiro de histórias em quadrinho criada por Eugênio Colonnese em 1967. Suas histórias pertencem ao gênero terror, que fazia bastante sucesso durante a década de 60 no Brasil.

A principal marca das histórias da vampira Mirza é sua sensualidade, muito ousada em comparação com os padrões de sua época, provavelmente isso era herança dos fumetti italianos (terra natal do autor). Nos anos 60 a linha divisória entre quadrinhos adultos e infantis era muito mais tênue, e não existiam projetos como o selo Vertigo ou Marvel Max. (Nos EUA as hiatórias em quadrinhos ainda estavam presas ao rígido Comics Code Authority).

Eugênio Colonnese é realmente muito conceituado no pequeno nicho de fãs da HQ nacional. O motivo principal é que quando nem sequer se imaginava lançar-se algo por aqui, este verdadeiro mestre já havia colaborado com diversas editoras estrangeiras, adquirindo uma experiência que o colocaria numa posição de destaque entre os desenhistas radicados no Brasil. Nascido na Itália, mudou-se para a Argentina logo na infância e lá publicou seus primeiros trabalhos, no final da década de 40. A extrema qualidade do seu traço não passou despercebida, e em pouco tempo ele estaria em Londres produzindo gibis de temática militar para a aclamada Fleetway Publications. Em 1957, ainda morando no exterior, travou seu contato inicial com o mercado brasileiro ao adaptar para os quadrinhos, sob encomenda da Ebal, o texto "Navio Negreiro", obra-prima do poeta Castro Alves. Sete anos depois, ele passaria a viver no nosso país, onde reside até hoje, e a nos brindar com uma infinidade de ilustrações magníficas.

Assim que pisou em solo brasileiro, Colonnese se aventurou por diversos gêneros da nona arte. Além das supracitadas adaptações de obras literárias, fez também gibis românticos endereçados ao público feminino, criou super-heróis nos moldes norte-americanos e lançou outras histórias de guerra similares às que havia publicado na Inglaterra. Contudo, foi no terror que ele concebeu sua mais célebre criatura: Mirza, A Mulher Vampiro. Esta bela e fascinante personagem estreou em 1967 numa revista que levava seu nome, e de lá para cá foi reeditada inúmeras vezes, sempre conquistando novos admiradores.

Surgida um ano antes da mundialmente famosa Vampirella (seria possível seu criador, Forrest J. Ackerman ter sido "influenciado" por Colonnese e Mirza além da famosa Barbarella?), Mirza não era uma vampira tradicional. Tal qual as beldades hematófagas de Jess Franco, ela não tinha pudor algum em tomar banho de sol e desfilar de biquini por cenários paradisíacos mundo afora. Não se tratava de uma vilã na acepção da palavra, embora fosse abordada desta forma nas primeiras histórias, onde sacrificava inocentes visando apenas satisfazer seu apetite por sangue humano. De maneira gradual, a personagem deixaria de ser um poço de maldade para se transformar numa quase justiceira. Convém destacar o "quase", utilizado na frase anterior: ao contrário do que se pode imaginar, Mirza passava longe de ser uma super-heroína, não apenas por fugir daquilo que se convencionou como sendo politicamente correto, mas também por não ter a mínima pretensão de salvar o planeta. Seu cotidiano pode ser resumido da seguinte forma: aproveitar a vida. Ex-condessa milionária, ela dirigia carrões, praticava esportes radicais, frequentava lugares badalados, convivia com pessoas do meio artístico, era arroz-de-festa nos eventos da alta sociedade e viajava por muitos pontos turísticos do globo: Istambul, Londres, Paris, Cataratas do Niágara e é claro Ipanema, por exemplo. Na maioria das vezes, estas localidades maravilhosas ocultavam pessoas não tão louváveis: tarados, maridos infiéis, esposas interesseiras, psicopatas, contrabandistas, policiais corruptos e governantes negligentes acabavam - por mera obra do destino - cruzando o caminho da vampirona e, ao término da trama, tinham seu líquido vital sugado pela mesma (por este motivo acredito que Mirza deveria ser reeditada hoje. Faria muito sucesso). De modo geral, eram seres repugnantes que recebiam o merecido. Nos bons e maus momentos, estava sempre acompanhada por Brooks, seu mordomo e melhor amigo: senhor de muita cultura, possuía uma aparência das mais grotescas e costumava "fisgar" vítimas para a patroa, por quem nutria um sentimento ambíguo - tão paternal quanto apaixonado.

Independente de qualquer coisa, basta uma breve examinada nas páginas de Mirza para compreender que aquilo só poderia ser obra de um grande quadrinista. Autor de sequências impactantes, Colonnese é dono de um estilo sóbrio, elegante e mais pessoal do que supomos; estilo este que consiste em linhas espessas, contornos bem definidos, figuras humanas de feições sempre marcantes e um enorme realismo - já é famosa a obsessão do desenhista com detalhes históricos, geográficos, arquitetônicos e anatômicos, os quais pesquisa à exaustão. Para poder traduzir em imagens o contraditório universo da HQ - que unia morte, ciências ocultas, vampirismo, trevas e violência com o sexo banal, festividades, diversões passageiras e um certo grau de ingenuidade - o artista faz uso de um curioso e inteligente contraponto: enquanto nos trechos leves e tranquilos seu desenho beira a pop art, nas cenas tensas exagera nas sombras e na atmosfera gótica. O resultado é incomparável.

Apesar de Colonnese ter criado a vampira e concebido toda a sua identidade visual, seria injusto não mencionar os vários roteiristas que passaram pela série e contribuíram para que ela atingisse o status cult do qual goza atualmente. O primeiro deles foi Luis Meri, que escreveu praticamente todas as histórias da fase inicial da personagem e forneceu as diretrizes para seus sucessores. Escritor competente, Meri abordava temas que se ainda hoje causam algum desconforto, com certeza provocavam um choque ainda maior em 1967/1968. Em "Orgia das Aves", por exemplo, Mirza é convidada para uma festa de gala na qual os figurões da high society não fazem a menor questão de conter seus impulsos mais primitivos; ao consumo generalizado de entorpecentes se segue uma grande suruba, que por sua vez é sucedida por um jogo depravado: todos se embrenham num bosque, onde as mulheres vestem máscaras de animais e são "caçadas" pelos homens, sedentos por exercerem seu poder de dominação sexual. Depois de Meri, vieram Basilio de Almeida, Osvaldo Talo, Sidemar de Castro, Álvaro de Moya, Watson Portela e Franco de Rosa, sendo que o próprio Colonnese já chegou a desenvolver alguns roteiros.

Infelizmente Mirza permanece desconhecida entre o grande público, mas pode muito bem ser considerada uma das mais bem-sucedidas personagens dos quadrinhos nacionais, já que é frequentemente reeditada e que seu autor continua na ativa até hoje, ilustrando livros didáticos, lecionando desenho em escolas de arte e, claro, produzindo HQs.


A ORIGEM DE MIRZA


Mirela Zamanova é a sétima filha de um nobre polonês cuja linhagem foi amaldiçoada. Durante um incidente no qual quase foi estuprada pelo namorado da irmã, a maldição de sua família a transformou em uma vampira. Após a transformação adotou o nome de Mirza e passou a errar pelas grandes metrópoles do mundo, onde constantemente esbarrava com outros seres sobrenaturais, tanto hostis quanto amigáveis. Quando lhe convém se passa por modelo profissional e é sempre auxiliada por seu criado corcunda Brooks.


Abaixo uma reportagem/entrevista da revista Wizmania número 51 da editora Panini com Eugenio Colonnese e uma aventura de Mirza especialmente desenhada por ele para a mesma edição, para comemorar os 40 anos da criação de Mirza.

Clique na imagem para fazer o download da reportagem/entrevista.


Clique na imagem para fazer o download da história em homenagem aos 40 anos da criação da personagem.

Este post faz parte do Carnaval de Quadrinhos das Quartas.